quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Fé (poesia contemporânea)

Seres humanos compostos de ossos e pesar
O grito da fome esmurra a barriga ao alvorecer
Ecoa no prato repleto de descaso
Abraçando as costelas revestidas de dor
Olhar sem vida, onde a alegria nunca fez morada
No negro horizonte de poeira e desolação
Um sorriso trancado, sem eira nem beira
Onde a dignidade há muito tempo fez as malas
No fétido mapa da miséria que o mundo esqueceu
Falta água pra lavar a alma ferida,
Faltam lágrimas pra chorar a doce morte,
Faltam ratos para o jantar,
Falta tudo no meio do nada...
Somente tem a fé no pescoço pendurada!

Lace Luiza


* Imagem do fotógrafo contemporâneo Sebastião Salgado


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