terça-feira, 5 de setembro de 2017

Passageira - Poema em prosa

Assim, você navegará nas estações, deixando seu viço no espelho
a cada ano. Assim que é, sempre será.

Você finda, suas coisas continuam, entocadas nas gavetas da cômoda ou no corpo
de um fulano qualquer.

E a primavera continuará com sua orquestra em cores, com a mesma beleza desde sempre.
As abelhas não cancelarão sua dança nos jardins, tudo seguirá o seu curso.
Então, suas mãos trêmulas e frias não poderão segurar o amanhã, ele virá,
contigo ou sem ti.
Não poderá deter a alvorada de saudar o mundo, chilreando a esperança em cada janela.

Assim és finita, brilhando por sua essência numa existência tão frágil, feito nuvem, passageira.

Lace Luiza







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